sábado, 22 de novembro de 2014

Véu

              Com os cumprimentos vãos de quem pouco te conhece, te convido a vir.
Poderia começar de qualquer outra maneira, mas prefiro, contando como sempre tive amor á histórias. As de mistério,em especial. Contar e ouvir. Participar e pensar.
               Confesso nunca ter tido trégua da imaginação, ao ouvir uma história, e ao mesmo tempo agradecer á dimensão com que eu amo, e contemplo surpresas.
                O fortuito é o íntimo como seiva, e habita no centro de uma certeza que fica pra depois.
               E quem te avisa ou corrige sobre como imaginar, incauto, estará no mesmo ou em outros momentos tentando ser ouvido por mais alguém além de ti.
               Não consigo deixar de pensar em como isso pode ser dito sobre nós. Sobre nós quando conhecemos pessoas, e sobre como pessoas são histórias enigmáticas até bem mais do que querem ser.
    Tanto quanto aquilo que contam, e mais mistério do que a pitada que adicionam . Ou mais do que se propõem a desvendar, quando escutam. Confundem-se e leem-se, e o que as inquieta não é só isso.
            Inquieta, o modo como numa conversa os grãos e a seiva sejam os pontos ao invés das vírgulas, tornando palavra menor convite que um olhar. Porque de si mesmas não são alvo, e o olhar do outro é difícil de desvendar .
                    Queria dizer, que problema algum nisso veríamos, se fôssemos todos de ligar os dois. Dar atenção, tanto á palavra quanto ao olhar. Mais do que imagina, essa mistura escreve a história que você está tentando ler.
                   Não há mal algum em querer descobrir alguém, quando for da forma com que esse se mostrar.
        Do momento em que a urgência do inferir, e a ignorância te cobrirem com o véu que elas tecem, te recomendo a véu de ninguém querer tirar. Porque dizemos incautos os que nos ensinam como imaginar histórias, colorir desenhos, ou conhecer sobre algo, mas jamais nos admitimos incautos ao idealizar alguém.
         É dessa maneira que começo a contar : Não acredito ser a toa que duas pessoas disponibilizem-se a conhecer uma á outra. Uma vez que amor e disponibilidade - num dispêndio de esforços- nunca se puderam fazer em melhor intersecção do que alma e coração.
                         Sem isso, a relação que dois corpos tomam é de um egoísmo a dois.
                         Deve haver do contato, um espaço para além da ocupação de um nome, e que se admita ser lido da forma como pro par bem aprouver. Desde aí, a hora em que um deles se vestir de ausência, se fará bem vinda uma volta. E nessa volta um por si, e os dois pelos dois só vão retomar o que já possuem desse laço.

                           Do contrário: não vai estar se enganando ao pensar que é vão. Ou que essa história já teve o ponto de que precisava. Porque de meias verdades, ninguém precisa. Ou é vírgula posta pra continuar uma história onde há espaço, ou então, deve ser ponto.
     Disponibilidade subjetiva, não existe pela metade. Melhor dizendo: Deve ser a partir do mistério, do risco e do universo que uma pessoa representa, elaborado o interesse, a disponibilidade e o esforço da outra por ela. Jamais o contrário. Ou estaríamos fadados a acreditar que o trabalho de  amar está pra quando, como, e pra que condições se quer. Assim como a falsidade do idealizado.
                  Venha, sabendo que conhecer não é simples. O convite, feito está.

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